O Atari deve ser a plataforma de games mais conhecida da história do mercado de entretenimento eletrônico. Mais popular que National Kid entre o pessoal da antiga e barbuda velhíssima guarda e mais longevo do que o quase imortal PlayStation 2, o console tem origens quase medievais e ainda conta com o respeito de gerações inteiras.
Curiosamente, como muitas peças antigas, a plataforma inaugural dos games já está sendo considerada item raro em alguns mercados. Uma prova disso é que recentemente um jogo de Atari foi vendido por nada modestos US$ 33,4 mil — o equivalente a mais de R$ 66 mil de acordo com a cotação de hoje.
Fato é que tudo começou mais ou menos 40 anos atrás, quando uma companhia iniciante anunciou o lançamento de uma espécie de fliperama que continha apenas um único jogo, chamado Pong.
Assim, o último dia 29 de novembro marcou a quarta década do console e, para comemorar o aniversário do velhinho, o Baixaki Jogos preparou um apanhado com curiosidades e fatos incríveis que possivelmente você ainda não sabia. Se você não tem idade suficiente para ser contemporâneo do console mais nostálgico de todos os tempos, descubra o que nem seus pais sabiam e aproveite para contar para eles.
Contextualização, criação profícua e sucesso inevitável
Saiba por que você conheceria o Atari de uma forma ou de outra
- Um Atari ou um MacBook Pro?
Quando o Atari foi lançado em 1972, as pessoas precisavam de um investimento de mais ou menos US$ 250 (em torno de R$ 550 de acordo com a cotação de hoje) para conseguir obter essa maravilha da tecnologia daquele tempo. O fundador da companhia, Nolan Bushnell, conseguiu arrecadar vários bilhões de dólares com o video game custando esse montante nos 20 anos seguintes ao lançamento do console.
No entanto, se corrigirmos o valor do produto utilizando a variação da inflação dos últimos 35 anos e aplicarmos a taxa ao preço inicial do Atari, temos uma grande surpresa. Atualmente, um console novo da marca Atari seria vendido por nada menos do que US$ 756, o equivalente a R$ 1,6 mil — sem contar as altíssimas tributações que o produto eletrônico sofreria no mercado brasileiro.
Portanto, com um pouco mais do que esse mesmo valor, você poderia comprar o novíssimo e muito desejado MacBook Pro, da Apple. É um investimento a se pensar...
- A equipe de desenvolvimento do Atari era “da pesada”!
Em um determinado mês do ano de 1974, um jovem hippie bateu na garagem dos produtores do Atari para pedir um emprego. De acordo com Al Alcorn, o engenheiro que construiu Pong, o jovem rapaz se recusava a deixar a frente do escritório antes que recebesse ao menos uma oportunidade de trabalho.
O garoto foi até lá em resposta a um anúncio que havia visto, o qual dizia: “Divirta-se e ganhe dinheiro”. Alcorn até pensou em chamar a polícia, mas resolveu convidar o jovem a concorrer à vaga de produtor tecnológico para o console, pela qual ele ganharia 5 dólares por hora.
Se o diretor da Atari tivesse chamado os policiais, eles certamente teriam levado o garoto para a detenção sob umas três acusações diferentes. Seria possivelmente um capítulo pouco feliz na vida do pequeno hippie, cujo nome era Steve Jobs.
Além do monstro da tecnologia moderna, a companhia inaugural dos games também foi berçário de mentes como a de Ronald Wayne e de Steve Wozniak. Anos mais tarde, o trio se uniria para formar a Apple.
- Prevendo o futuro da movimentação nos games
O departamento de pesquisa da Atari criou no ano de 1982 o primeiro dispositivo que permitia a prática “computadorizada” de exercícios. O aparato foi desenhado pelo designer Tim McGuiness e foi batizado com o nome de “Puffer”. Quem está antenado com as novidades do mundo dos games nos últimos quatro ou cinco anos vai achar muito “familiar” a justificativa do produto.
Tratava-se de uma necessidade de uma geração inteira de gamers, tanto de crianças quanto de adultos, que estava carente de esportes pelos mais variados motivos. A ideia principal do dispositivo era permitir que as pessoas pudessem jogar ao mesmo tempo em que que praticam exercícios físicos, contribuindo para uma melhoria em sua saúde e, consequentemente, em sua qualidade de vida.
McGuiness também falava em algo como “interligar uma bicicleta” aos video games, de forma a para tornar a bike uma espécie de controle do console. Alguém mais não consegue parar de pensar no Wii Fit? Ou mesmo no próprio Wii, que utilizou com primazia a captação de movimentos para divertir e exercitar os jogadores ao mesmo tempo? Pois é, a ideia original é de 1982.
- Até a concorrência ajudava
Uma das grandes engrenagens que movimenta qualquer mercado de desenvolvimento de bens é a própria concorrência que existe entre as empresas. Para a indústria de games, isso parece funcionar com uma potência maior do que para vários outros setores, uma vez que a disputa tecnológica faz com que novidades incríveis surjam a cada ano — vide controle do Wii, Move, Kinect e agora o Wii U.
Na época do Atari, o mercado “digital” ainda estava começando a engatinhar e a concorrência estava começando e ser formada. Uma das primeiras dificuldades que surgiram na vida da empresa de video games foi a exigência de exclusividade por parte dos distribuidores das máquinas de Pinball no começo da década de 1970.
Para conseguir burlar a disputa pelo espaço no mercado, Nolan Bushnell secretamente convenceu seu vizinho Joe Keenan a instituir uma nova empresa, que iria “competir” com a Atari no mercado de jogos. No entanto, a Kee Games distribuía versões modificadas dos produtos da Atari para os distribuidores que não podiam negociar diretamente com a companhia.
Ironicamente, as dificuldades da disputa comercial fizeram com que a Atari passasse por maus bocados em termos financeiros. Enquanto isso, a Kee Games continuava firme e forte no mercado. Então, com o sucesso de “sua” companhia, Joe Keenan foi oficializado como membro da Atari e assumiu a presidência do grupo alguns anos mais tarde.
- O “Sistema Atari” de trabalho está vigente até hoje
O sistema de produção utilizado dentro da Atari ficou muito famoso na indústria por pregar um crescimento igualitário de seus funcionários. Em qual empresa da década de 1980 alguém imaginaria permitir que os funcionários vestissem roupas casuais no dia a dia de trabalho?
Ou ainda que as comemorações pelos cumprimentos de metas fossem realizadas em piscinas, regadas a muita festa com a bebida liberada? “Camisetas e calças jeans foram peças que realmente deram um status diferenciado para os funcionários da Atari”, declarou Bill Haslacher, roteirista aposentado da empresa.
O turno de trabalho também não era dos mais rígidos, diz o desenvolvedor Jim Huether, que contou que em sua primeira tarefa com a companhia recebeu uma meta e um prazo de seis meses para concluí-la. “Não havia horas a serem cumpridas... Para falar a verdade, eles nem se preocupavam em ver você até que seu trabalho estivesse concluído”, lembra o produtor.
Essa metodologia pouco usual na rotina de trabalho é a forma que atualmente domina as empresas tecnológicas no Vale do Silício, nos EUA. Aqui no Brasil várias empresas também administram suas equipes baseadas nos conceitos do Atari.
- Nintendo e Microsoft quase entraram para a família
Em tempos muito remotos, mediante uma negociação caríssima para a época, a Ataria contratou uma empresa chamada “Microsoft” para portar a linguagem de programação BASIC para o Atari 800. Um jovem desenvolvedor, conhecido pela alcunha de Bill Gates, assumiu a responsabilidade pela execução do projeto.
Um ano mais tarde, o software ainda não havia sido finalizado e o programador de games da própria Ataria, Alan Miller, resolveu fazer o impensável nos dias de hoje: ele demitiu Bill Gates e tomou conta do projeto inacabado.
Em outra ocasião, quando a Nintendo resolveu trazer sua influência japonesa para o mercado de games ocidental, ela considerou seriamente fazer uma parceria com a Atari no desenvolvimento de seu primeiro console e lançá-lo sob a marca da empresa americana.
Infelizmente, as negociações não continuaram e a "Big N" resolveu criar o Nintendo Advanced Video Gaming System e lançá-lo com o nome de NES.
Curiosidade motora
Você já se perguntou sobre o poder gráfico do Atari?
Depois de tantas informações que você provavelmente não sabia sobre o Atari, há mais uma pergunta que precisa ser feita. Alguma vez em sua vida você já quis saber quais seriam as configurações técnicas que moveriam o console mais antigo de todos? Pois essa dúvida não precisa se prolongar mais.
Confira abaixo as especificações do Atari e depois se divirta ao responder nossa enquete. Vale lembrar que o Baixaki Jogos está preparando um quadro mais do que especial, que pretende tirar o pó daqueles consoles antigos e matar a saudade dos jogadores mais antigos. Vem aí o quadro “Tô Véio”, não perca!
Especificações Técnicas:
- CPU: 1,19 MHz MOS Technology 6507
- Áudio + processador de vídeo: TIA
- 160x192 pixels
- 128 cores (128 on screen; máximo 4 por linha sem programas auxiliares)
- 2 canais de som mono, 1 square wave, 1 white noise
- RAM (dentro da MOS Technology RIOT chip): 128 bytes (memória RAM adicional poderia ser incluída nos cartuchos)
- ROM (cartuchos dejogos): 4 KB de capacidade máxima (32 KB+ com bank switching)
- Input (controlado pelo MOS RIOT):
- Duas entradas para “DE-9controller”, para joysticks de um único botão, paddles, “trakballs”, “driving controllers”, 12-key “keyboard controllers” (0–9, # e *) e controles de desenvolvedoras third party com funções adicionais.
- Seis posições (versão original): Power on/off, sinal de TV (P&B ou colorida), dificuldade para cada jogador (chamadas A e B), Select e Reset. Com exceção do botão de ligar e desligar, os jogos poderiam utilizar qualquer uma das alavancas de comando. Em modelos mais atuais, o botão que controla a dificuldade foi reduzido e transportado para a parte de trás do console.
- Output: P&B ou TV em cores, sinal de vídeo através de um conector RCA (NTSC, PAL ou SECAM, dependendo da região); os cartuchos dos jogos podem variar entre NTSC e PAL/SECAM, mas variações e defeitos com a cor e o som dos jogos poderiam acontecer.
Fonte: Tecmundo
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